Paris recebe estreia do filme Beyond Fordlândia

Produção independente renova a discussão sobre empreendimentos econômicos na Amazônia

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O documentário Beyond Fordlândia (2017, 75 min.), produção independente do professor da Universidade de Wisconsin-Madison, Marcos Colón, tem data para sua estreia na França. Após a passagem por diversos festivais e países, além de 3 prêmios recebidos em 2017, o filme chega a Paris no dia 24 de janeiro. A exibição é uma iniciativa do Grupo de Reflexão sobre o Brasil Contemporâneo, pertencente à Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais.

Os professores da Universidade Federal do Amazonas, Marilene Corrêa da Silva Freitas e Marcus Barros, seguem na próxima semana para Paris, onde formam, junto com Colón, a mesa redonda para o debate sobre a Amazônia Contemporânea. A estreia será realizada no Teatro François-Furet, no dia 24 de janeiro, às 17h. O teatro possui 250 lugares e a entrada será gratuita.

Uma história revisitada

“Beyond Fordlândia” traz uma abordagem crítica do ambiente em que se deu a experiência amazônica do americano Henry Ford, décadas após a falência do projeto. A narrativa tem início em 1927, quando a Ford Motor Company implantou um desastroso projeto de plantação e exploração de seringueira às margens do rio Tapajós, ao sul da cidade de Santarém e chega até a recente transição para o “ bem sucedido” cultivo extensivo da soja (para exportação) e suas implicações no que se refere ao uso irracional da terra, através de grandes áreas de desmatamento.

Em texto publicado recentemente, Colón aponta cinco aspectos sobre o período de permanência do projeto de Henry Ford no Brasil e como essa “sombra” permanece até hoje.” O industrial fracassou porque não compreendeu a complexidade da natureza amazônica. Apesar do fracasso, a memória do tempo da borracha ainda é uma das chagas que assolam as comunidades locais além de uma outra ameaça mais potente e mais sofisticada: o agronegócio. A soja, carro-chefe das exportações brasileiras atuais, está destruindo florestas da Amazônia e envenenando as vidas humanas e não-humanas.

Quais foram as razões econômicas reais para Ford ter se aventurado na Amazônia profunda, para estabelecer um projeto dessa natureza? Por que quis Ford implantar as últimas inovações tecnológicas nas florestas do Tapajós? Era o cultivo da seringueira seu objetivo primordial? Quais as repercussões ambientais daquele projeto tão extensivo, hoje, passados noventa anos? Como Ford tentou converter a luxuriante e abundante paisagem brasileira em um projeto agrícola de escala industrial, prenunciando a destruição da floresta tropical? Qual será o impacto da monocultura da soja para o futuro da floresta amazônica? Que lições podemos aprender com as atuais experiências e, em particular com a Fordlândia?

Para a socióloga Marilene Corrêa, o filme de Marcos Cólon “redesenha a história de povos, territórios, biomas e ecossistemas atingidos por práticas predatórias contínuas do capitalismo”.

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